O inquietante…

 

 

Para Freud, as manifestações do inconsciente estão presentes nos sonhos, lapsos, atos falhos e no chiste.

Ao meu ver, essa animação de 2007 de Juan Zaramella brinca com isso. Lapsus – o nome já nos provoca –  pode ser interpretada à luz do que entendemos como o jogo entre consciente e inconsciente. Aquilo que é nosso, mas que, entretanto, quando aparece, perturba, desconcerta, assusta. Retorna como um íntimo desconhecido. Das Unheimliche – o inquietante, como bem o chamou Freud.

Zaramella brinca com essa ideia de forma sagaz. O “lado negro”,  aquilo que é oposto, que contrasta, que é simbólico – O que vem como um inquietante…  O que ele nos apresenta aí em Lapsus se aproxima do conceito de inconsciente como discurso, como “tesouro dos significantes”, tal como o definiu Lacan.

Ao mesmo tempo que ele joga com os signos nas imagens e suas múltiplas possibilidades entre o preto e o branco, ele não só expõe a relação da Freira com aquilo que a inquieta como traz o chiste. A piada latente entre a freira e seu lado “negro”, seu avesso, e, especialmente, seu desejo.

O desejo inconsciente é o nosso íntimo desconhecido. É esse estranho familiar com o qual temos que lidar, de um jeito ou de outro…

– “Oh, Meu Deus!”

 

Maira atende no Largo do Machado, RJ.
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Maira Rossi

Psicanalista. Psicóloga clínica e hospitalar. Formada pela PUC-Rio, com pós graduação pela Universidade de Pádua na Itália. Mestrado e doutorado (em andamento) pela UFF. CRP 05/36912

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