21 ago Isolamento e solidão, a velhice e a pandemia
Nos estudos do envelhecimento, isolamento e solidão são temas significantes desde muito antes da pandemia. Nas instituições de velhos isolamento e solidão somam-se ao abandono; às queixas sobre o tempo, vida produtiva e status social perdidos; aos vínculos com familiares e pessoas significativas impossibilitados; aos lutos às vezes mais, às vezes menos, elaborados. Hoje, o que vemos a partir de nossos encontros com a velhice mesmo não institucionalizada, é que no isolamento o desamparo constitutivo é potencializado e, no olhar para a velhice, para a qual a soma das experiências de luto fala tão alto, é preciso estarmos atentos ao apagamento desse sujeito.
O velho que se cala, que se fecha, que se apaga, que pouco a pouco se volta mais e mais para um dentro de si, lança-se ao risco de não encontrar nenhuma ressonância com o Outro. As consequências disso seria um amortecimento do eu, a morte subjetiva que viria antes da morte física propriamente dita. Não à toa, há anos Norbert Elias já questionava se os abrigos de velhos não seriam “desertos de solidão”. Nos tempos de hoje, mesmo fora das instituições, estaríamos nós oferecendo ressonância para as solidões de nossos velhos ou colaborando com o estabelecimento desses desertos de solidão?
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