29 jun Grito e silêncio
Diante da agitação que os ambientes virtuais fomentam hoje, lugar de tanto barulho, onde se vê um tanto mais do que qualquer outra coisa uma quantidade grande de ódio circulante, de tantas causas, de infinitas queixas, de tanta dor e indignação… Em meio a esse mar de palavras e imagens que ressoam e nos agitam, não dá pra ignorar que há algo que empurra a um silêncio… Um resto que não encontra lugar, uma coisa que escapa e fica malentendida e sobra alí, quieta em nós, sem possibilidade de harmonização.
Os mais inquietos dentre nós, acham que podem “acertar”, “arrumar”, “melhorar” e até, “medicar”. Mas, não percebem que existe algo em cada um que não quer nada disso. Não quer entrar na série das coisas que tem nome público, que tem rótulo, que são passíveis de medicação! Algo que resiste a entrar no coletivo, ainda que não possa prescindir dele.
Algo precisa ficar desencontrado em nós para que possamos, diante dele, saber o que nos faz singular. Algo precisa ficar pelo avesso para que saibamos de nós, o que somos, onde nos encontramos conosco.
Tem hora que alguma coisa aparece que não encontra lugar em lugar nenhum em nós, essa coisa não precisa ser tratada, ou nomeada, ou sequer capturada… É preciso ouvi-la!! Lá depois do agito, das queixas, das causas, das crises…
Lá onde, depois do grito cria-se o silêncio.
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